Nos últimos vinte anos, segundo o Comandante da Marinha, Almirante Olsen, a Marinha desmobilizou 50% dos meios do seu poder naval. Foi a mais grave das informações apresentadas pelas Forças Armadas, representadas pelos três comandantes de força, no Congresso Nacional. O Almirante, junto de seus homólogos do Exército e da Aeronáutica, foi convocado para prestar esclarecimentos sobre questões estratégicas e desafios contemporâneos enfrentados pelo país. Este tipo de testemunho é vital não apenas para informar os legisladores, mas também para garantir transparência e prestação de contas em assuntos críticos que envolvem a defesa nacional.
Durante seu depoimento, o Almirante abordou uma variedade de temas que vão desde a segurança marítima até as relações diplomáticas com nações estrangeiras. Ele destacou a importância de fortalecer a presença naval em determinadas regiões estratégicas, enfatizando a necessidade de recursos adequados para enfrentar ameaças emergentes, como pirataria e tráfico ilícito. O oficial-general também ressaltou a relevância das alianças estratégicas com parceiros internacionais, argumentando que essas parcerias são fundamentais para promover a estabilidade global e defender interesses mútuos.
O depoimento do Almirante Olsen certamente teve repercussões significativas tanto dentro do Congresso quanto fora dele. A Marinha tem a enorme reponsabilidade de defender as águas que banham nossa enorme costa, uma área equivalente à da nossa Amazônia, batizada de Amazônia Azul. As discussões geradas pela fala do Comandante Militar podem influenciar a formulação de políticas futuras relacionadas à segurança nacional e à diplomacia internacional. Além disso, seus insights são essenciais para educar o público sobre as complexidades envolvidas na defesa do país. Como é natural, a gravidade da situação operacional da Força Naval gerou uma enormidade de análises no mundo da Internet, frequentemente pouco rigorosas e depreciatórias. Não obstante, há sim motivo de alarde.
O estado das Forças Armadas brasileiras tem sido frequentemente descrito como lastimável, refletindo uma série de desafios estruturais, orçamentários e de gestão que têm impactado negativamente sua eficiência e capacidade operacional. Esta situação preocupante não apenas afeta a defesa nacional, mas também compromete o papel do Brasil como ator significativo no cenário internacional. Ao mesmo tempo, uma campanha constante de desinformação persiste, em órgãos grandes e pequenos de imprensa, de ataques constantes a reputação das Forças Armadas.
Um dos principais problemas enfrentados pelas Forças Armadas do Brasil são os desafios estruturais, que incluem a falta de modernização de equipamentos obsoletos e a necessidade urgente de investimentos em infraestrutura militar. Com frequência, o orçamento destinado às Forças Armadas não é suficiente para cobrir as necessidades básicas de pessoal, equipamentos e operações. Isso resulta em uma defasagem significativa em relação a outros países com capacidades militares comparáveis, arriscando a capacidade de resposta em caso de emergências ou conflitos. Equipamentos desatualizados e mal mantidos limitam severamente a eficiência das operações, colocando em risco tanto a segurança dos militares quanto o sucesso das missões. As embarcações da Marinha não fogem a essa regra.
Tal estado de coisas tem implicações geopolíticas significativas. Em um contexto global cada vez mais complexo e competitivo, a capacidade de um país de proteger suas fronteiras, recursos naturais e interesses estratégicos depende de forças armadas bem equipadas e treinadas.
O estado das Forças Armadas brasileiras é um problema multifacetado que requer atenção urgente e ação coordenada por parte do governo, legisladores, líderes militares e sociedade. Investimentos significativos em modernização, infraestrutura e capacitação são necessários para restaurar a eficiência e a credibilidade das Forças Armadas, garantindo assim a defesa efetiva do país e o cumprimento de suas obrigações internacionais.
Por isso, torna-se mister aos nossos leitores não cair em conversa fiada. A campanha de desinformação contra as instituições militares muitas vezes insiste em propagar que a maior parte do gasto do Ministério da Defesa é com pessoal, o que é verdade. Mas se pensarmos que o país só investe 1,1% do PIB em defesa, um gasto muito abaixo da média mundial e incompatível com um país de dimensões continentais e riquezas a proteger, torna-se óbvia a explicação do porquê daquele fato: o investimento está muito aquém do mínimo necessário. Como os salários precisam ser pagos, tira-se dinheiro de programas estratégicos e mesmo da manutenção cotidiana dos meios. É inaceitável deixar um país de peso como o Brasil tão vulnerável. Temos um material humano bem formado, falta dinheiro para dar aos cidadãos em armas os meios para defender a Pátria. Fica abaixo uma lista de alguns países e seus gastos militares relativos aos seus PIBs, para reflexão. O resto é palha.
Lista de 20 países que correspondem à maior fatia mundial de gastos militares, ranqueados por porcentagem do PIB gasto com defesa, em bilhões de dólares americanos:
Por David Pfaltzgraapf. David é militar, historiador, atleta, se declara na trincheira contra o fascismo e a opressão dos mais pobres, indivíduos ou nações. Foi revisor Técnico de "No Easy Day" pela Cia. das Letras.
Notícias relacionadas
Foto: Anderson Cardoso
@ANDERSON.FOTOGRAFIA