Nos últimos anos, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, vem expressando alguns posicionamentos em relação ao papel do Brasil no mundo e a importância da sua agricultura. Nas suas formulações, Caiado mirou nos discursos protecionistas que, em nome do ambientalismo, ganham espaço institucional nos Estados Unidos e na União Europeia.
Destacamos aqui alguns desses posicionamentos, que podem cumprir um papel importante na corrida eleitoral brasileira em 2026.
O primeiro grande marco recente de Caiado ocorreu no 11º Fórum Jurídico de Lisboa, em Portugal. Durante o evento, ele rebateu as críticas de uma pesquisadora europeia que associava o agronegócio brasileiro ao desmatamento e ao trabalho escravo. Em resposta, Caiado ressaltou que o Brasil possui um dos códigos florestais mais avançados do mundo e dedica mais de 30% de suas áreas produtivas à preservação ambiental.
"Enquanto nos acusam, somos nós que preservamos nossos recursos naturais, enquanto a Europa devastou suas florestas", disse o governador, enfatizando a diferença histórica e atual entre os dois contextos.
No mesmo ano, em setembro, Caiado levou a defesa do agronegócio ao palco internacional, durante o Lide Brazil Development Forum, evento realizado em Washington que reúne vários representantes do setor financeiro. Lá, ele criticou os Estados Unidos pela postura de transformar o Brasil em "réu" no debate ambiental. Segundo ele, os países desenvolvidos já destruíram seus próprios recursos naturais e agora impõem exigências aos países em desenvolvimento, como o Brasil, que preserva vastas áreas de floresta.
Caiado também aproveitou o momento para propor uma nova abordagem: os países que preservam biomas deveriam ser recompensados financeiramente. "Somos vítimas, não réus. O mundo deve pagar pela nossa preservação", afirmou.
De volta ao Brasil, Caiado lançou o Pacto pelo Desmatamento Ilegal Zero em Goiás. Durante o evento, criticou a ingerência de países europeus nas políticas ambientais brasileiras, classificando-a como uma afronta à soberania nacional. Para ele, as exigências internacionais desconsideram os esforços e a legislação já implementada pelo Brasil e querem transformar o país em réu.
"Não precisamos que nos digam como preservar. Já fazemos isso melhor do que a maioria dos países", declarou Caiado, ressaltando o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação.
No Fórum Empresarial Lide, no Rio de Janeiro, Caiado voltou sua atenção para as barreiras tarifárias impostas ao agronegócio brasileiro. Ele criticou a desigualdade nas condições comerciais, enfatizando que o Brasil, mesmo sem alíquotas zero em muitos mercados, ainda lidera as exportações globais de alimentos.
"O agronegócio brasileiro é competitivo por mérito, mas precisa de condições justas para prosperar ainda mais", afirmou. Ele defendeu mais acordos comerciais para garantir tarifas reduzidas e maior acesso ao mercado internacional.
Caiado participou do XII Fórum de Lisboa, onde reforçou críticas ao protecionismo europeu. Ele destacou que a União Europeia tenta impor ao Brasil padrões de sustentabilidade que ela mesma não segue. O governador também enfatizou que o agronegócio brasileiro ocupa apenas 10% do território nacional, preservando 58,5% de suas florestas nativas, enquanto a Europa já substituiu suas florestas naturais por áreas replantadas.
Mais recentemente, em declarações à imprensa, Caiado voltou a criticar o que considera uma tentativa de tornar o Brasil "réu" no debate ambiental global. Ele argumentou que o país é referência em práticas sustentáveis, mas sofre ataques que desconsideram seus avanços.
Durante o 16º Encontro Anual de Líderes Comunitas, em São Paulo, Caiado afirmou que há uma tentativa de tornar o Brasil "réu na discussão ambiental". Ele defendeu a autonomia do país para gerir seus recursos naturais e destacou que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo. Caiado enfatizou que Goiás assumiu o compromisso de zerar o desmatamento ilegal e adotar práticas agrícolas sustentáveis.
Com a biografia associada à agricultura e ao ruralismo, podemos esperar que Caiado sustente um interesse especial nas pautas relacionadas com o setor. Chama atenção, entretanto, que os posicionamentos intransigentes do político estão se voltando para uma problemática de natureza geopolítica. Em um contexto de pressão contra o Brasil, realizada em nome de demandas ambientalistas, Caiado assume posicionamentos com um itinerário definido: a promoção da competitividade brasileira no mercado internacional, a rejeição às ingerências externas e a defesa de um modelo de desenvolvimento sustentável que valorize as características únicas do Brasil.
É preciso acompanhar se as posições do governador de Goiás levarão as críticas de forma consequente também aos aliados imediatos da pressão internacional contra a agricultura dentro do Brasil, que se espalham entre as ONGs e penetram a justiça, em especial o Ministério Público Federal.
Redação
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