Uma das maiores manifestações religiosas do Brasil, o Círio de Nazaré, realizado anualmente em Belém do Pará, é celebrado desde 1793 reunindo milhões de devotos para homenagear Nossa Senhora de Nazaré, a padroeira da Amazônia. A festividade, que foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO, envolve uma série de procissões, como a Romaria Fluvial, a Motorromaria, a Trasladação e a grande procissão do Círio.
Com histórias que começam em Portugal e terminam em terras amazônicas, conheça aqui mais detalhes sobre as raízes do Círio de Nazaré, e aproveite para descobrir informações para um melhor aproveitamento do evento em 2024!
História de Nossa Senhora de Nazaré
A devoção a Nossa Senhora de Nazaré tem sua origem traçada em Portugal, no século XII. Segundo a lenda, o cavaleiro Dom Fuas Roupinho teria invocado a ajuda da Virgem Maria ao quase cair de um penhasco durante uma caçada. A Virgem teria aparecido milagrosamente e salvado o cavaleiro. Como forma de gratidão e fé na mãe de Cristo, ele mandou construir uma capela no local do incidente, onde hoje se estabelece o Santuário de Nossa Senhora de Nazaré, em Portugal. A imagem da santa é considerada uma das mais antigas relíquias cristãs, e sua devoção se espalhou por várias partes do mundo, chegando ao Brasil através das caravelas portuguesas.
Nossa Senhora de Nazaré no Pará
Já no Pará, a devoção começou no século XVIII, com a história de Plácido José de Souza, que encontrou a imagem da santa às margens do igarapé Murutucu, em Belém. Conforme conta a tradição, Plácido levou a imagem para sua casa, mas a santa desaparecia repetidamente, sendo sempre encontrada no local onde havia inicialmente sido encontrada. O caso então foi interpretado como um sinal de que a santa desejava ser venerada ali, levando à construção de uma capela em sua homenagem. O primeiro Círio ocorreu em 1793, como parte de uma promessa do governador do Grão-Pará à época, Francisco de Souza Coutinho, após ser milagrosamente curado de uma grave doença.
Boiúna e a Lenda da Cobra Grande
Além da forte devoção religiosa, uma lenda mística envolve o Círio de Nazaré em Belém: a história da cobra gigante Boiúna, que, de acordo com a tradição popular, vive adormecida no subsolo da cidade. Acredita-se que, se o Círio de Nazaré não for realizado, a cobra acordará e causará uma grande destruição, rompendo a cidade ao meio e provocando inundações e desmoronamentos.
Expectativas para o Círio de Nazaré 2024
Neste ano, o Círio de Nazaré promete ser uma das maiores edições da história recente. Estima-se que cerca de 2,3 milhões de fiéis participem da procissão principal, que acontecerá no domingo, 13 de outubro. Além dessa multidão, as romarias que precedem o evento principal também atraem milhares de devotos, com destaque para a Romaria Fluvial e a Moto Romaria, ambas no dia 12 de outubro.
A Romaria Fluvial, que simboliza a travessia da imagem da santa pelos rios da região, é um dos momentos mais emocionantes da festividade. Já a Trasladação, que ocorre no mesmo dia, à noite, traz um espetáculo de fé, com a imagem da santa sendo levada em procissão iluminada até a Catedral da Sé.
Esses números demonstram não apenas a devoção religiosa do povo paraense, mas também o impacto cultural e econômico do Círio na cidade de Belém. Hotéis, restaurantes e o comércio local se preparam para receber turistas de todo o Brasil e do mundo, confirmando a importância do Círio tanto no aspecto espiritual quanto no desenvolvimento da região.
Atrações do Círio Musical 2024
A edição de 2024 também trará uma rica programação cultural: o Círio Musical, que ocorrerá na Concha Acústica da Praça Santuário, contará com shows diários de 13 a 26 de outubro. Entre as atrações estão as bandas católicas Anjos de Resgate, que abrirá o evento no dia 13 de outubro, e Rosa de Saron. O evento será encerrado com uma apresentação do Padre Francisco Cavalcante e a Banda da Guarda de Nazaré. Além disso, a festividade trará quiosques que oferecerão comidas típicas do Pará, oferecendo ao público uma profunda experiência cultural e gastronômica pelas tradições paraenses.
Redação
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Foto: Anderson Cardoso
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