O noticiário de hoje foi ocupado por uma campanha dirigida contra bancos que financiam atividades petrolíferas e a exploração de gás na floresta Amazônica. “Ligação entre Wall Street e esgotamento da Amazônia é mapeada em relatório”, publicou a Folha de São Paulo. “Bancos deveriam limitar crédito a operações de petróleo na Amazônia, diz estudo”, disse a manchete da Bloomberg. O “estudo” em questão é de autoria da ONG stand.earth e parte de uma posição contrária à legitimidade de operações de petróleo e gás na Amazônia.
O relatório é o lançamento da campanha “Exit Amazon Oil And Gas”, e pressiona os bancos para não realizarem novos financiamentos no setor de petróleo e gás na Amazônia, encerrarem os financiamentos existentes, assim negarem o financiamento para as operações ligadas ao setor. O texto do documento tem uma retórica desafiadora de rejeição às empresas petrolíferas, retratadas como destruidoras do meio ambiente e violadoras de direitos indígenas.
O relatório não é um trabalho técnico sobre o impacto ambiental das operações petrolíferas, mas um chamado político que só usa argumentação técnica em outra área: a financeira. Nesse caso, os conhecimentos técnicos são articulados para rastrear os financiamentos e propor uma pauta de desinvestimento no setor. Essa estratégia funciona como pressão política e publicitária contra os projetos ambientais sustentados por essas instituições financeiras.
Os grandes bancos citados são Citibank, JP Morgan Chase, Itaú, Santander e Bank of America. O alvo final da campanha, no entanto, não é o setor bancário, mas as empresas petrolíferas que atuam na América do Sul, como a estatal equatoriana Petroecuador. A Petrobras é citada uma vez no relatório. Como é impossível dispensar ferramentas de crédito na economia do século XXI, os ativistas entendem que mirar os bancos e questionar suas políticas de compensação ambiental é o caminho para sufocar a produção de petróleo.
A ONG stand.earth mantém uma posição geral contra combustíveis fósseis. A Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (COICA) é coautora do documento.
¹A COICA recebe apoio da USAID, agência governamental dos Estados Unidos. Vide: https://www.usaid.gov/sites/default/files/2024-04/Institutional-Support-COICA-FS-english-nov22_0.pdf
Editorial
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